1. Qualidades da Prece.
2. Eficácia da Prece.
3. Ação da Prece.
4. Transmissão do pensamento.
5. Preces inteligíveis.
6. Preces pelos mortos e pelos Espíritos sofredores.
7. Instrução dos Espíritos.
8. Como orar.
9. Bem estar na Prece.
QUALIDADES DA PRECE
"E quando orardes, não haveis de ser como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas Sinagogas e nos cantos das ruas, para serem vistos dos homens; em verdade vos digo que eles. Em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa.
Mas tu quando orares entra em teu quarto e, fechada a porta ore a teu Pai em secreto; e teu Pai, que vê o que se passa em secreto, te dará a paga.
E quando orares, não fales muito, como os Gentios; pois cuidam de que por muito falarem serão ouvidos. Não queirais portanto, parecer-vos com eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antas que vos lho peçais." (MATEUS)
Mas quando vos puderdes em oração, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, para que vosso Pai também vos perdoe.
Porque se não perdoardes, vosso Pai dos Céus, não vos perdoará também. (MARCOS)
Orar é sentir. O sentimento é intraduzível. Não há formulas que o contenha, não há molde que o guarde, não há modelo que o plasme.
Orar é irradiar para Deus. Os Crentes oram.
Os impostores e os supersticiosos rezam.
Os Crentes oram a Deus. Os hipócritas, quando rezam, dirigem-se a sociedade em cujo meio vivem.
Jesus propôs também esta Parábola, a alguns que confiam em si mesmos, como se fossem justos e desprezam outros.
Subiram dois homens ao Templo a fazer oração.
Um era Fariseu e outro Publicano. O fariseu conservando-se de pé, orava lá no seu interior, desta forma: Graças te dou meu Deus, porque não sou como os demais homens, que são uns ladrões uns injustos outros, como o é este Publicano, jejuo duas vezes na semana, pago o dízimo de tudo o que tenho.
O Publicano ao contrário, posto lá de longe, não ousava nem levantar os olhos ao Céu; mas batia no peito, dizendo: Meu Deus se propicio a mim pecador.
Digo-vos, que este voltou justificado para a sua casa, e não o outro, porque todo o que se exalta será humilhado e todo o que se humilha, será exaltado.
COMENTÁRIOS DE ALLAN KARDEC
Jesus definiu claramente as qualidades da Prece, quando recomendou que ao orarmos não nos puséssemos em evidência; que orássemos em segredo, sem afetação e sem muitas palavras. Porque não é pela extensão da Prece que seremos ouvidos, mas pela sinceridade com que for feita.
Se tivermos alguma coisa contra alguém, antes de orar, devemos perdoá-lo, porque a prece não seria agradável a Deus se não tivesse saindo de um coração purificado de todo sentimento contrário à Caridade.
Enfim, devemos pedir humildemente, como o Publicano e não com orgulho como o Fariseu.
Examinemos os nossos defeitos e qualidades e, se nos compararmos com os outros, façamo-lo sempre em relação do que de mau existe em nós.
EFICACIA DA PRECE
"Por isso vos digo: Todas as coisas que vós pedirdes, ORANDO, crede que as haveis de receber. E que vos sucederão." (MARCOS)
COMENTÁRIOS DE ALLAN KARDEC
Há quem negue a Eficácia da Prece baseado em que, deus conheça as nossas necessidades, desnecessário se torna expô-las. Acrescentam ainda, que as nossas suplicas, não podem não podem modificar os designo da Providência, porque todo o Universo está por leis eternas.
Há sem dúvida, leis naturais imutáveis e, pois Deus não as poderá alterar ao sabor de nossos caprichos. Mas daí a pensar que todas as circunstâncias da vida, estejam submetidas à fatalidade, há uma grande distância.
Se assim fosse, o homem seria apenas um instrumento passivo sem livre arbítrio e sem iniciativa. Deu-nos o CRIADOR, RAZÃO e a INTELIGÊNCIA para delas nos servirmos.
Desde que o homem tem a liberdade de agir desta ou daquela maneira, seus atos tem, para si e para os outros, conseqüências subordinadas àquilo que faz ou deixa de fazer.
Há acontecimentos que, por sua iniciativa, escapam forçosamente à fatalidade; nem por isso se rompe a harmonia das leis Universais, como se adiantasse ou atrasasse um relógio; Deus pode atender a certas suplicas sem derrogar a imutabilidade das Leis que regem o conjunto, ficando sempre a concessão subordinada à sua vontade.
A Providência não nos pode conceder tudo quanto pedimos, mesmo porque ela sabe, melhor do que nós, aquilo que nos convêm. É o que faria um pai cauteloso, recusando ao filho o que é contrário ao seu interesse. Geralmente a criatura, vê apenas o presente; mas se o sofrimento for útil á sua felicidade futura, Deus permitirá que sofra, do mesmo modo que o cirurgião deixa que o enfermo sofra na operação que lhe trará a cura.
Entretanto desde que suplique com Fé, coragem e paciência e resignação, Deus o atenderá. Conceder-lhe-á também, elementos para sair da dificuldade, por meio das idéias sugeridas pelos bons Espíritos, deixando-lhe assim todo o mérito.
Deus ajuda aqueles que se ajudam a si mesmos e não aos que esperam de um auxilio, sem fazer uso de suas próprias faculdades.
Figuremos um exemplo: Um homem perdeu-se no deserto e sofre horrível sede; sente-se desfalecer.
Roga a Deus que o assista e espera. Mas nenhum anjo vem trazer-lhe água. Entretanto um bom Espírito sugeri-lhe em pensamento de seguir uma das trilhas à sua frente. Recobra o ânimo, e vê um oásis ao longe; À sua vista se encoraja. Se tiver Fé, há de exclamar: "Graças meu Deus, pela inspiração que me destes e pela força que me haveis dado."
Mas se não tiver Fé dirá "que lembrança a minha! Que sorte haver tomado o caminho à direita e não o outro".
Outros, entretanto, perguntarão: "porque um bom Espírito não lhe disse claramente que seguisse tal caminho, no fim do qual, haveria de encontrar o que faltava? Assim tê-lo-ia convencido da intervenção Divina".
Em primeiro lugar, para lhe ensinar que devia ajudar-se a si mesmo e fazer uso de suas próprias forças; Depois, pela incerteza, deus põe a prova a confiança que nele depositamos bem como a submissão à sua vontade.
Aquele homem estava na situação de uma criança que leva um tombo e que, vendo alguém, grita e espera que a levante; mas desde que não veja ninguém, faz esforços e levanta sozinho.
Se o anjo que acompanhou Tobias lhe houvesse dito: "sou um mensageiro de Deus para te guiar na viagem e te preservar dos perigos". Tobias não teria tido nenhum mérito; confiante no companheiro, nem mesmo teria tido necessidade de pensar. Por isso o anjo só se deu a conhecer no seu regresso.
AÇÃO DA PRECE
TRANSMISSÃO DO PENSAMENTO
A prece é uma evocação; - por ela nos pomos pelo pensamento, em relação com o ser a quem nos dirigimos. Ela pode ter como objetivo: SUPLICAR AGRADECER E GLORIFICAR
Podemos orar por nós mesmos e para outros.
Pelos vivos e pelos mortos. As preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução de suas vontades; as dirigidas aos bons Espíritos são transmitidas a Deus, fazendo-os intermediários, intercessores, pois nada se faz sem a vontade de Deus.
O Espiritismo torna compreensível a ação da prece, explicando a maneira por que o pensamento é transmitido; seja quando o ser a quem suplicamos vem ao nosso encontro, ou seja, quando é simplesmente atingido pelo nosso pensamento.
Para fazer uma idéia do que acontece neste caso, é preciso imaginar que todos os seres, encarnados e desencarnados estão submersos no fluido Universal, que enche todo espaço, assim como na Terra estamos envolvidos na atmosfera.
Esse fluido recebe um impulso da vontade; ele é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença que as vibrações do ar estão circunscritas, enquanto as do fluido Universal estendem-se ao infinito.
Assim, quando um pensamento é dirigido a um ser qualquer, da terra ou do espaço, de encarnado para desencarnado, ou deste para aquele, entre ambos se estabelece uma corrente fluídica, que transmite o pensamento, do mesmo modo que o ar transmite o som.
A energia da corrente está na razão direta do pensamento e da vontade.
Assim é que a prece será ouvida pelos Espíritos em qualquer parte onde se encontrem. Porque os Espíritos entre si se comunicam e transmitem suas inspirações e estabelecem relações a distância, entre seres encarnados.
Esta explicação visa, principalmente, os que não compreendem a utilidade da prece puramente mística; não é dada como objetivo de materializar a oração, mas com o fito de fazer compreender o seu efeito, que pode ter uma ação direta e efetiva, sem que por isso, não fica menos subordinada à vontade de Deus, juiz supremo, em todas as coisas, único que pode tornar a sua ação efetiva, ou eficaz.
Pela prece, atraímos o concurso dos bons Espíritos, que nos vem ajudar nas boas resoluções, inspirando-nos bons pensamentos, com que adquirimos a necessária força moral para vencer as dificuldades da vida e retomar o reto caminho, de onde nos havíamos desviado.
Por ela, ainda, podemos desviar os males atraídos por nossas próprias faltas: Por exemplo: um homem vê comprometida pelos excessos praticados e arresta até o fim da vida, um rosário de sofrimentos. Terá por ventura, direito de queixar-se por não obter a cura?
Não porque na prece teria encontrado a força necessária para resistir as tentações.
Ao males da vida são de duas categorias: Ao que o homem não pode evitar e as atribulações causadas pela própria criatura.
Se limitássemos as nossas ambições, não teríamos a ruína; Se não quiséssemos subir mais do que podemos, não teríamos a queda; Se fossemos humildes, não sofreríamos decepções do orgulho abatido; Se praticássemos a Lei da Caridade, não sofreríamos maldizentes e invejosos, nem ciumentos e evitaríamos as querelas e as discussões; Se não fizéssemos mal a ninguém, não haveriam vinganças etc.
Renunciar à prece é desconhecer a bondade de Deus; é abrir mão de sua assistência em benefício próprio, bem como no de seus semelhantes. A prece do homem de bem, aos olhos de Deus, tem mais eficácia que a do vicioso e mau, porque este não pode rogar com fervor e aquela confiança que só se adquire pelo sentimento da verdadeira piedade.
Do coração do egoísta, não podem sair impulsos caridosos, que dão a prece todo o seu poder.
O homem que não se sente suficientemente bom para exercitar uma influência salutar, nem por isso deve abster-se de rogar por outros, com a idéia de que não é digno de ser escutado.
A consciência de sua inferioridade é prova de humildade, sempre agradável a Deus, que leva em consideração a caridosa intenção que o anima.
A força da prece está no pensamento e não depende de palavras nem de local, e nem de momento.
Não importa se está só ou acompanhado. A oração em comum tem ação mais poderosa, pelo coração e objetivo. Embora 100 pessoas reunidas possam orar como egoístas, duas ou três unidos orarão como verdadeiros irmãos em Deus, sendo sua prece mais poderosa, e eficaz.
PRECES INTELIGÍVEIS
"Se eu, pois, não entender o que significam as palavras, serei um Bárbaro para aquele a quem falo; e o que fala ser-lo-á para mim do mesmo modo.
Se eu orar numa língua estrangeira, verdade é que meu Espírito ora, mas o meu entendimento fica sem fruto. Se não louvais a Deus senão de coração, como um homem, entre aqueles que não entendem senão sua própria língua, responderás AMEM, ao final da vossa ação de graças, uma vez que ele não entende o que dizeis?
Não é que vossa ação não seja boa, mas os outros dela não estão edificados. (PAULO, AOS CORÍNTIOS)
COMENTÁRIOS DE ALLAN KARDEC
Só tem valor a prece pelo pensamento que a ela se une; ora, é impossível unir o pensamento àquilo que se não compreende, porque isto não pode tocar o coração. Para que a oração comova, é preciso ou necessário que a cada palavra desperte uma idéia.
Muitos oram por dever, outros para seguir um costume. Julgam estar cumprindo um dever, quando repetidas um certo número de vezes, seguindo tal ou qual ordem. Deus vê os corações, os pensamentos e a sinceridade.
Supomo-lo mais sensível à forma, seria rebaixá-lo.
PRECES PELOS MORTOS E PELOS ESPÍRITOS SOFREDORES
Os Espíritos sofredores pedem preces, porque vendo que alguém deles se lembra, sentem-se menos abandonados e infelizes. Na hipótese das penas eternas e irremissíveis, perguntamos se é lógico, caritativo e Cristão recusar a prece pelos sofredores. Não será para eles um sinal de piedade que lhes poderá amenizar os sofrimentos?
Na Terra, quando alguém é atacado de um mal incurável ou quando não haja esperança de cura, deve alguém ser abandonado sem qualquer conforto? Pensai que entre esses pode achar-se um amigo, talvez um Pai ou Mãe ou ainda um filho. Recusar-lhes-eis um gole de água, um bálsamo para curar uma ferida? Não. Isto não seria Cristão.
Uma crença que seca o coração, não pode aliar-se a crença num Deus que, acima de todos os deveres, coloca o amor ao próximo.
O homem sofre penas em conseqüência de suas faltas. A severidade dessas penas é proporcional à gravidade da falta.
Qualquer que seja a falta, a duração de sua pena é indeterminada; está subordinada ao arrependimento do culpado e a sua volta ao bem.
A pena dura tanto quanto a obstinação no mal; seria perpétua se esta também o fosse; é de curta duração, se o arrependimento for rápido.
Desde que o culpado peça misericórdia, Deus o escuta e lhe envia a esperança. Mas, não basta o simples remorso de haver feito o mal, é necessária a reparação. Por isso, o culpado é submetido a novas provas, nas quais pode, sempre por vontade própria, fazer o bem e reparar o mal que haja feito.
INSTRUÇÃO DOS ESPÍRITOS
COMO ORAR.
O primeiro dever do ser humano, o primeiro ato que deve assinalar a sua volta à vida ativa de cada dia é a prece. Quase todo mundo reza, mas poucos sabem orar.
A prece deve ser profunda, a alma deve elevar-se ao Criador, Transfigurando-se como Jesus no Tabor, e lá chegar branca e radiosa de esperança e de amor.
É inútil pedir ao Senhor que abrevie vossas provações e que vos de alegrias e riquezas; Peça antes, que vos conceda os bens mais preciosos da Paciência, da Fé e da Resignação. Não esquecer que a oração diária é o cumprimento de vossos deveres sem exceção, seja qual for a sua natureza.
Bendito sejais meu Pai. Perdoai-me meu Deus, porque pequei por orgulho, por egoísmo ou por falta de caridade. Dai-me forças para que não erre mais e a coragem necessária para reparar a falta.
BEM-ESTAR NA PRECE
Vinde vós que desejais CRER. Os Espíritos celestes acorrem para vos anunciar grandes coisas; meus filhos. Deus vos abre os seus imensos tesouros, para vos dar seus bens.
Homens incrédulos! Se imaginásseis quanto a Fé beneficia o coração e conduz a alma ao arrependimento e a oração.
A oração é o orvalho Divino que abranda o excessivo calor das paixões. No recolhimento e na solidão, estais com Deus; Para vós já não existe mistérios, porque estes se vos desvendam, Apóstolos do pensamento, é para vós que a vida.
Por entre quantas delicias não marchareis? Vossa linguagem não poderá descrever tamanha ventura.
Mas vós deveis orar como o Cristo, carregando sua Cruz ao Gólgota.
Ao Calvário, levai vossa Cruz e sentireis as suaves emoções que, passavam por sua alma, ainda que carregando um lenho infamante; ia morrer para viver a vida Celeste na MORADA DE MAU PAI. (S. AGOSTINHO PARIS 1861)
2. Eficácia da Prece.
3. Ação da Prece.
4. Transmissão do pensamento.
5. Preces inteligíveis.
6. Preces pelos mortos e pelos Espíritos sofredores.
7. Instrução dos Espíritos.
8. Como orar.
9. Bem estar na Prece.
QUALIDADES DA PRECE
"E quando orardes, não haveis de ser como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas Sinagogas e nos cantos das ruas, para serem vistos dos homens; em verdade vos digo que eles. Em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa.
Mas tu quando orares entra em teu quarto e, fechada a porta ore a teu Pai em secreto; e teu Pai, que vê o que se passa em secreto, te dará a paga.
E quando orares, não fales muito, como os Gentios; pois cuidam de que por muito falarem serão ouvidos. Não queirais portanto, parecer-vos com eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antas que vos lho peçais." (MATEUS)
Mas quando vos puderdes em oração, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, para que vosso Pai também vos perdoe.
Porque se não perdoardes, vosso Pai dos Céus, não vos perdoará também. (MARCOS)
Orar é sentir. O sentimento é intraduzível. Não há formulas que o contenha, não há molde que o guarde, não há modelo que o plasme.
Orar é irradiar para Deus. Os Crentes oram.
Os impostores e os supersticiosos rezam.
Os Crentes oram a Deus. Os hipócritas, quando rezam, dirigem-se a sociedade em cujo meio vivem.
Jesus propôs também esta Parábola, a alguns que confiam em si mesmos, como se fossem justos e desprezam outros.
Subiram dois homens ao Templo a fazer oração.
Um era Fariseu e outro Publicano. O fariseu conservando-se de pé, orava lá no seu interior, desta forma: Graças te dou meu Deus, porque não sou como os demais homens, que são uns ladrões uns injustos outros, como o é este Publicano, jejuo duas vezes na semana, pago o dízimo de tudo o que tenho.
O Publicano ao contrário, posto lá de longe, não ousava nem levantar os olhos ao Céu; mas batia no peito, dizendo: Meu Deus se propicio a mim pecador.
Digo-vos, que este voltou justificado para a sua casa, e não o outro, porque todo o que se exalta será humilhado e todo o que se humilha, será exaltado.
COMENTÁRIOS DE ALLAN KARDEC
Jesus definiu claramente as qualidades da Prece, quando recomendou que ao orarmos não nos puséssemos em evidência; que orássemos em segredo, sem afetação e sem muitas palavras. Porque não é pela extensão da Prece que seremos ouvidos, mas pela sinceridade com que for feita.
Se tivermos alguma coisa contra alguém, antes de orar, devemos perdoá-lo, porque a prece não seria agradável a Deus se não tivesse saindo de um coração purificado de todo sentimento contrário à Caridade.
Enfim, devemos pedir humildemente, como o Publicano e não com orgulho como o Fariseu.
Examinemos os nossos defeitos e qualidades e, se nos compararmos com os outros, façamo-lo sempre em relação do que de mau existe em nós.
EFICACIA DA PRECE
"Por isso vos digo: Todas as coisas que vós pedirdes, ORANDO, crede que as haveis de receber. E que vos sucederão." (MARCOS)
COMENTÁRIOS DE ALLAN KARDEC
Há quem negue a Eficácia da Prece baseado em que, deus conheça as nossas necessidades, desnecessário se torna expô-las. Acrescentam ainda, que as nossas suplicas, não podem não podem modificar os designo da Providência, porque todo o Universo está por leis eternas.
Há sem dúvida, leis naturais imutáveis e, pois Deus não as poderá alterar ao sabor de nossos caprichos. Mas daí a pensar que todas as circunstâncias da vida, estejam submetidas à fatalidade, há uma grande distância.
Se assim fosse, o homem seria apenas um instrumento passivo sem livre arbítrio e sem iniciativa. Deu-nos o CRIADOR, RAZÃO e a INTELIGÊNCIA para delas nos servirmos.
Desde que o homem tem a liberdade de agir desta ou daquela maneira, seus atos tem, para si e para os outros, conseqüências subordinadas àquilo que faz ou deixa de fazer.
Há acontecimentos que, por sua iniciativa, escapam forçosamente à fatalidade; nem por isso se rompe a harmonia das leis Universais, como se adiantasse ou atrasasse um relógio; Deus pode atender a certas suplicas sem derrogar a imutabilidade das Leis que regem o conjunto, ficando sempre a concessão subordinada à sua vontade.
A Providência não nos pode conceder tudo quanto pedimos, mesmo porque ela sabe, melhor do que nós, aquilo que nos convêm. É o que faria um pai cauteloso, recusando ao filho o que é contrário ao seu interesse. Geralmente a criatura, vê apenas o presente; mas se o sofrimento for útil á sua felicidade futura, Deus permitirá que sofra, do mesmo modo que o cirurgião deixa que o enfermo sofra na operação que lhe trará a cura.
Entretanto desde que suplique com Fé, coragem e paciência e resignação, Deus o atenderá. Conceder-lhe-á também, elementos para sair da dificuldade, por meio das idéias sugeridas pelos bons Espíritos, deixando-lhe assim todo o mérito.
Deus ajuda aqueles que se ajudam a si mesmos e não aos que esperam de um auxilio, sem fazer uso de suas próprias faculdades.
Figuremos um exemplo: Um homem perdeu-se no deserto e sofre horrível sede; sente-se desfalecer.
Roga a Deus que o assista e espera. Mas nenhum anjo vem trazer-lhe água. Entretanto um bom Espírito sugeri-lhe em pensamento de seguir uma das trilhas à sua frente. Recobra o ânimo, e vê um oásis ao longe; À sua vista se encoraja. Se tiver Fé, há de exclamar: "Graças meu Deus, pela inspiração que me destes e pela força que me haveis dado."
Mas se não tiver Fé dirá "que lembrança a minha! Que sorte haver tomado o caminho à direita e não o outro".
Outros, entretanto, perguntarão: "porque um bom Espírito não lhe disse claramente que seguisse tal caminho, no fim do qual, haveria de encontrar o que faltava? Assim tê-lo-ia convencido da intervenção Divina".
Em primeiro lugar, para lhe ensinar que devia ajudar-se a si mesmo e fazer uso de suas próprias forças; Depois, pela incerteza, deus põe a prova a confiança que nele depositamos bem como a submissão à sua vontade.
Aquele homem estava na situação de uma criança que leva um tombo e que, vendo alguém, grita e espera que a levante; mas desde que não veja ninguém, faz esforços e levanta sozinho.
Se o anjo que acompanhou Tobias lhe houvesse dito: "sou um mensageiro de Deus para te guiar na viagem e te preservar dos perigos". Tobias não teria tido nenhum mérito; confiante no companheiro, nem mesmo teria tido necessidade de pensar. Por isso o anjo só se deu a conhecer no seu regresso.
AÇÃO DA PRECE
TRANSMISSÃO DO PENSAMENTO
A prece é uma evocação; - por ela nos pomos pelo pensamento, em relação com o ser a quem nos dirigimos. Ela pode ter como objetivo: SUPLICAR AGRADECER E GLORIFICAR
Podemos orar por nós mesmos e para outros.
Pelos vivos e pelos mortos. As preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução de suas vontades; as dirigidas aos bons Espíritos são transmitidas a Deus, fazendo-os intermediários, intercessores, pois nada se faz sem a vontade de Deus.
O Espiritismo torna compreensível a ação da prece, explicando a maneira por que o pensamento é transmitido; seja quando o ser a quem suplicamos vem ao nosso encontro, ou seja, quando é simplesmente atingido pelo nosso pensamento.
Para fazer uma idéia do que acontece neste caso, é preciso imaginar que todos os seres, encarnados e desencarnados estão submersos no fluido Universal, que enche todo espaço, assim como na Terra estamos envolvidos na atmosfera.
Esse fluido recebe um impulso da vontade; ele é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença que as vibrações do ar estão circunscritas, enquanto as do fluido Universal estendem-se ao infinito.
Assim, quando um pensamento é dirigido a um ser qualquer, da terra ou do espaço, de encarnado para desencarnado, ou deste para aquele, entre ambos se estabelece uma corrente fluídica, que transmite o pensamento, do mesmo modo que o ar transmite o som.
A energia da corrente está na razão direta do pensamento e da vontade.
Assim é que a prece será ouvida pelos Espíritos em qualquer parte onde se encontrem. Porque os Espíritos entre si se comunicam e transmitem suas inspirações e estabelecem relações a distância, entre seres encarnados.
Esta explicação visa, principalmente, os que não compreendem a utilidade da prece puramente mística; não é dada como objetivo de materializar a oração, mas com o fito de fazer compreender o seu efeito, que pode ter uma ação direta e efetiva, sem que por isso, não fica menos subordinada à vontade de Deus, juiz supremo, em todas as coisas, único que pode tornar a sua ação efetiva, ou eficaz.
Pela prece, atraímos o concurso dos bons Espíritos, que nos vem ajudar nas boas resoluções, inspirando-nos bons pensamentos, com que adquirimos a necessária força moral para vencer as dificuldades da vida e retomar o reto caminho, de onde nos havíamos desviado.
Por ela, ainda, podemos desviar os males atraídos por nossas próprias faltas: Por exemplo: um homem vê comprometida pelos excessos praticados e arresta até o fim da vida, um rosário de sofrimentos. Terá por ventura, direito de queixar-se por não obter a cura?
Não porque na prece teria encontrado a força necessária para resistir as tentações.
Ao males da vida são de duas categorias: Ao que o homem não pode evitar e as atribulações causadas pela própria criatura.
Se limitássemos as nossas ambições, não teríamos a ruína; Se não quiséssemos subir mais do que podemos, não teríamos a queda; Se fossemos humildes, não sofreríamos decepções do orgulho abatido; Se praticássemos a Lei da Caridade, não sofreríamos maldizentes e invejosos, nem ciumentos e evitaríamos as querelas e as discussões; Se não fizéssemos mal a ninguém, não haveriam vinganças etc.
Renunciar à prece é desconhecer a bondade de Deus; é abrir mão de sua assistência em benefício próprio, bem como no de seus semelhantes. A prece do homem de bem, aos olhos de Deus, tem mais eficácia que a do vicioso e mau, porque este não pode rogar com fervor e aquela confiança que só se adquire pelo sentimento da verdadeira piedade.
Do coração do egoísta, não podem sair impulsos caridosos, que dão a prece todo o seu poder.
O homem que não se sente suficientemente bom para exercitar uma influência salutar, nem por isso deve abster-se de rogar por outros, com a idéia de que não é digno de ser escutado.
A consciência de sua inferioridade é prova de humildade, sempre agradável a Deus, que leva em consideração a caridosa intenção que o anima.
A força da prece está no pensamento e não depende de palavras nem de local, e nem de momento.
Não importa se está só ou acompanhado. A oração em comum tem ação mais poderosa, pelo coração e objetivo. Embora 100 pessoas reunidas possam orar como egoístas, duas ou três unidos orarão como verdadeiros irmãos em Deus, sendo sua prece mais poderosa, e eficaz.
PRECES INTELIGÍVEIS
"Se eu, pois, não entender o que significam as palavras, serei um Bárbaro para aquele a quem falo; e o que fala ser-lo-á para mim do mesmo modo.
Se eu orar numa língua estrangeira, verdade é que meu Espírito ora, mas o meu entendimento fica sem fruto. Se não louvais a Deus senão de coração, como um homem, entre aqueles que não entendem senão sua própria língua, responderás AMEM, ao final da vossa ação de graças, uma vez que ele não entende o que dizeis?
Não é que vossa ação não seja boa, mas os outros dela não estão edificados. (PAULO, AOS CORÍNTIOS)
COMENTÁRIOS DE ALLAN KARDEC
Só tem valor a prece pelo pensamento que a ela se une; ora, é impossível unir o pensamento àquilo que se não compreende, porque isto não pode tocar o coração. Para que a oração comova, é preciso ou necessário que a cada palavra desperte uma idéia.
Muitos oram por dever, outros para seguir um costume. Julgam estar cumprindo um dever, quando repetidas um certo número de vezes, seguindo tal ou qual ordem. Deus vê os corações, os pensamentos e a sinceridade.
Supomo-lo mais sensível à forma, seria rebaixá-lo.
PRECES PELOS MORTOS E PELOS ESPÍRITOS SOFREDORES
Os Espíritos sofredores pedem preces, porque vendo que alguém deles se lembra, sentem-se menos abandonados e infelizes. Na hipótese das penas eternas e irremissíveis, perguntamos se é lógico, caritativo e Cristão recusar a prece pelos sofredores. Não será para eles um sinal de piedade que lhes poderá amenizar os sofrimentos?
Na Terra, quando alguém é atacado de um mal incurável ou quando não haja esperança de cura, deve alguém ser abandonado sem qualquer conforto? Pensai que entre esses pode achar-se um amigo, talvez um Pai ou Mãe ou ainda um filho. Recusar-lhes-eis um gole de água, um bálsamo para curar uma ferida? Não. Isto não seria Cristão.
Uma crença que seca o coração, não pode aliar-se a crença num Deus que, acima de todos os deveres, coloca o amor ao próximo.
O homem sofre penas em conseqüência de suas faltas. A severidade dessas penas é proporcional à gravidade da falta.
Qualquer que seja a falta, a duração de sua pena é indeterminada; está subordinada ao arrependimento do culpado e a sua volta ao bem.
A pena dura tanto quanto a obstinação no mal; seria perpétua se esta também o fosse; é de curta duração, se o arrependimento for rápido.
Desde que o culpado peça misericórdia, Deus o escuta e lhe envia a esperança. Mas, não basta o simples remorso de haver feito o mal, é necessária a reparação. Por isso, o culpado é submetido a novas provas, nas quais pode, sempre por vontade própria, fazer o bem e reparar o mal que haja feito.
INSTRUÇÃO DOS ESPÍRITOS
COMO ORAR.
O primeiro dever do ser humano, o primeiro ato que deve assinalar a sua volta à vida ativa de cada dia é a prece. Quase todo mundo reza, mas poucos sabem orar.
A prece deve ser profunda, a alma deve elevar-se ao Criador, Transfigurando-se como Jesus no Tabor, e lá chegar branca e radiosa de esperança e de amor.
É inútil pedir ao Senhor que abrevie vossas provações e que vos de alegrias e riquezas; Peça antes, que vos conceda os bens mais preciosos da Paciência, da Fé e da Resignação. Não esquecer que a oração diária é o cumprimento de vossos deveres sem exceção, seja qual for a sua natureza.
Bendito sejais meu Pai. Perdoai-me meu Deus, porque pequei por orgulho, por egoísmo ou por falta de caridade. Dai-me forças para que não erre mais e a coragem necessária para reparar a falta.
BEM-ESTAR NA PRECE
Vinde vós que desejais CRER. Os Espíritos celestes acorrem para vos anunciar grandes coisas; meus filhos. Deus vos abre os seus imensos tesouros, para vos dar seus bens.
Homens incrédulos! Se imaginásseis quanto a Fé beneficia o coração e conduz a alma ao arrependimento e a oração.
A oração é o orvalho Divino que abranda o excessivo calor das paixões. No recolhimento e na solidão, estais com Deus; Para vós já não existe mistérios, porque estes se vos desvendam, Apóstolos do pensamento, é para vós que a vida.
Por entre quantas delicias não marchareis? Vossa linguagem não poderá descrever tamanha ventura.
Mas vós deveis orar como o Cristo, carregando sua Cruz ao Gólgota.
Ao Calvário, levai vossa Cruz e sentireis as suaves emoções que, passavam por sua alma, ainda que carregando um lenho infamante; ia morrer para viver a vida Celeste na MORADA DE MAU PAI. (S. AGOSTINHO PARIS 1861)
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