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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

HISTÓRIAS QUE EDUCAM

Frederico Guilherme Kremer

As religiões, no passado, sempre se utilizaram de dois tipos de linguagens nos textos para divulgação das suas mensagens. Uma linguagem direta, onde são abordados os ensinamentos morais, e uma linguagem metafórica, onde são trazidos os ensinamentos mais profundos.
Para interpretação desses ensinamentos foram criadas as chamadas escolas de mistérios.
Elas existiram em toda Antigüidade e eram freqüentadas pelas pessoas de maior entendimento espiritual, conhecidas como iniciados.
No Evangelho, encontramos a mesma situação. Jesus se utilizou das parábolas para falar, principalmente, do Reino de Deus. Como falar de algo que é vibracional e interior senão através de uma linguagem alegórica? Por outro lado, o Mestre empregou uma linguagem direta nos ensinamentos morais. Assim, encontramos mais de 40 parábolas, principalmente nos Evangelhos sinópticos de Marcos, Lucas e Mateus. Das formas de linguagem metafóricas, a fábula não foi utilizada pelo Mestre.
As fábulas são pequenas histórias cujos personagens são normalmente animais e concluem com uma lição moral. Utilizadas no Oriente antigo, sempre tiveram um apelo popular. As tradições ocidentais, a exemplo da filosofia, iniciaram-se na Grécia, através da figura mitológica de Esopo, que parece ter vivido no século VI a.C. Esopo foi escravo e, por sua inteligência invulgar, acabou sendo libertado, viajando por toda região mediterrânea, vindo a falecer vítima de um plano elaborado por sacerdotes do famoso santuário de Delfos, a quem acusara de comércio ilegal das doações oferecidas. Esopo apresentou suas fábulas apenas oralmente e elas só foram escritas cerca de 300 anos depois, por Demétrio de Falera. Demétrio foi um dos organizadores da famosa Biblioteca de Alexandria que, por 700 anos, constituiu-se no principal centro de saber da Antigüidade.
As tradições de Esopo foram renovadas por Fedro, no século I. Ele viveu na mesma época de Jesus, em Roma e, a exemplo de Esopo, também foi escravo, sendo libertado por Augusto. Fedro, a partir da sua vivência, fazia uma crítica social, o que acabou criando problemas para ele com os imperadores Tibério e Nero. Fedro introduziu a fábula na literatura latina.
No século XVII, essas tradições seriam revitalizadas pelo famoso escritor francês Jean de La Fontaine. Diferentemente de Esopo e Fedro, Jean de La Fontaine não foi escravo. O material para as suas fábulas ele extraía da convivência na corte do Rei Luís XIV, o famoso Rei Sol.
Extremamente populares, as fábulas sempre procuraram levar uma moral para o povo. Talvez a moral mais popular seja: “ajuda-te que o céu te ajudará”.
Essa famosa moral é auto-explicativa e muito importante para as nossas vidas. Ao responderem a questão 653 de “O Livro dos Espíritos”, quando Allan Kardec pergunta se a oração pode mudar o curso das nossas provas, os Espíritos se utilizaram dessa moral na resposta. Posteriormente, no capítulo 25 de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, o próprio Allan Kardec se utiliza da moral ao comentar a famosa trilogia cristã trazida pelo Mestre: “Pedi e lhe será dado, buscai e achareis, batei e a porta se abrirá” (Mateus, 7:7).
A frase está dividida em duas partes.
A primeira é “ajuda-te”. Precisamos entender a quem se refere o “te”, ao nosso espírito imortal ou à nossa personalidade transitória? O interior ou o exterior? As nossas preocupações normalmente estão centradas nas demandas do mundo e não damos a atenção necessária para o nosso espírito eterno, ou seja, a nossa individualidade imortal. Precisamos ajudar o nosso espírito nesta luta que todos nós travamos entre o que é transitório e o que é imortal.
A segunda parte é “que o céu te ajudará”.
A ajuda do céu sempre chega, esta é a certeza e confiança que devemos ter em Deus. Sempre recebemos ajuda do Alto quando pedimos sinceramente, embora muitas vezes a resposta seja diferente daquilo que pedimos. O sábio mentor do médium Francisco Cândido Xavier, Emmanuel, aprimorou este conceito numa frase de rara beleza: “Para quem esteja a serviço do bem, o socorro acontece antes que a necessidade apareça” (página psicografada por Chico Xavier em 17 de agosto de 1974, em Uberaba, Minas Gerais).
“O Universo é o nosso domicílio.
A Humanidade é nossa família.”
“Vinha de luz” Emmanuel

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Sábado, 17/5/2008 – no 2094

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