*Danilo Carvalho Villela
É natural que as informações sobre a vida na espiritualidade tenham apresentado ao longo da História caráter predominantemente sombrio e até aterrador, pois constituíam, em grande parte, a recordação intuitiva de nossa vivência pré-reencarnatória, assinalada pela ignorância e o mal característicos da condição evolutiva da maioria da Humanidade.
Além disso, havia também o interesse da classe sacerdotal em acentuar e até exagerar esse aspecto assustador, capaz de favorecer sua autoridade dada a sua condição de crentes especiais ou representantes da divindade.
Com a Doutrina Espírita, pela primeira vez, tivemos conhecimento efetivo acerca do sofrimento após a morte, suas características, duração e finalidade, porque baseado em depoimentos pessoais dos que o vivenciaram ou ainda vivenciavam ao darem suas comunicações. Na espiritualidade, conquanto nosso veículo de manifestação – o perispírito – possa apresentar lesões e desfigurações dolorosas, o sofrimento é preponderantemente moral.
Enquanto na Terra, consegue, muitas vezes, o criminoso, evitar a lembrança dos próprios erros, dirigindo continuamente sua atenção para as atividades que realiza ou presencia.
Contudo, após deixar o corpo denso, isto não mais é possível, pois suas percepções se ampliam e a lei de afinidade o coloca num meio onde predominam justamente as vibrações correspondentes às deficiências que o caracterizam, tornando-se impossível ocultá-las de si mesmo.
Traição, covardia ou leviandade, o vício ou o crime se patenteiam aos que os cultivaram, causando-lhes vergonha, revolta e desesperação.
As Leis Divinas funcionam perfeitamente dentro e fora de nós. Há diferença de responsabilidade e conseqüências entre a agressividade do primitivo e do homem civilizado, mas o resultado é sempre a aquisição da experiência e o progresso.
A Doutrina Espírita esclarece que o mau uso da inteligência e da vontade, por vezes até bastante desenvolvidas, pode levar uma individualidade a perseverar no mal através de várias reencarnações apesar do sofrimento expiatório, por vezes áspero, em consonância com a dureza e insensibilidade por ela demonstradas, mas... Chega fatalmente o dia em que ilusão e rebeldia se esgotam e a consciência desperta para a realidade.
A recordação do amor, presente na vida de todos, mesmo na dos maus em alguns momentos, mostra como a existência poderia ser diferente e inicia-se a mudança, o retorno, tão bem descrito por Jesus na parábola do filho pródigo que, deixando o lar paterno, inicia uma trajetória de dissipações, enganos e muito sofrimento, e que caindo em si, após ter chegado ao extremo de comer numa pocilga, disputando o alimento com os porcos, resolve voltar, pois se recorda de que na casa de seu pai até aos servos não falta o necessário, sendo, então, recebido com imenso júbilo.
Como bem observou o Codificador, referindo-se às informações trazidas pelo Espiritismo acerca dessa questão, são totalmente desnecessárias o recurso às descrições fantásticas das chamas e torturas físicas – já abandonadas pela moderna teologia cristã, mas ainda utilizadas na pregação popular – como advertência contra o mal. Os que o praticaram vêm, eles mesmos, descrever-lhe os efeitos dolorosos ao lado da conseqüência principal que é sempre a descoberta do valor do bem como elemento essencial na construção da verdadeira felicidade.
“O Céu e o Inferno” (Segunda Parte, capítulo 4, “O castigo”).
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Sábado, 28/6/2008 – no 2100
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