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segunda-feira, 1 de setembro de 2008

ROBINSON CRUSO É ESPÍRITA?!


O célebre romance do escritor e jornalista inglês Daniel Defoe (1660-1731), “A vida e as estranhas aventuras de Robinson Crusoé”, de 1719, tem encantado gerações. É inspirado num fato real, vivido pelo marinheiro escocês Alexander Selkirk, que, a pedido seu, foi abandonado numa ilha do arquipélago chileno de Juan Fernández, onde viveu por cinco anos. O escrito de Defoe tornou-se uma obra-prima da literatura mundial, sobretudo por fugir às fórmulas convencionais dos romances do seu tempo, bastante emotivos mas distanciados da realidade do dia-a-dia.


No livro, são narradas as aventuras do homem que, depois de um naufrágio, viveu por quase três décadas numa ilha, onde, depois de longos anos, encontra o índio Sexta-feira, de quem se torna amigo.


Essa história é bastante conhecida, já tendo sido reproduzida no teatro e no cinema. O que poucos sabem é que este livro, embora anterior à publicação de “O Livro dos Espíritos”, ocorrida em 1857, apresenta princípios espíritas. Esta informação, contudo, havia escapado até mesmo de Allan Kardec, que só veio a tomar ciência dela graças a um leitor da “Revista Espírita”, conforme o próprio Codificador revela na histórica publicação dos espíritas.


Na “Revue Spirite”, Kardec transcreve alguns trechos da edição ilustrada por Granville, onde se pode encontrar essas passagens, assim como perceber “a alta filosofia moral” e o “profundo sentimento religioso” presentes na obra do escritor inglês, como ressalta Allan Kardec.
“Esses pensamentos – diz Robinson Crusoé, na página 161 do famoso livro – me inspiraram uma tristeza que durou bastante, mas, enfim, tomaram outra direção; senti quanto devia de reconhecimento ao céu, que me impedira de entregar-me a um perigo, cuja existência eu ignorava. O caso fez nascer em mim uma reflexão, que já me tinha vindo algumas vezes, desde que havia reconhecido quanto, em todos os perigos da vida, a Providência mostra sua bondade por disposições cuja finalidade não compreendemos. Com efeito, muitas vezes saímos dos maiores perigos por vias maravilhosas; muitas vezes um impulso secreto nos decide de repente, num momento de grave incerteza, a tomar tal caminho e não outro, que nos teria conduzido à nossa perda.Tomei como lei jamais resistir a essas vozes misteriosas, que nos convidam a tomar tal partido, a fazer ou não fazer tal coisa, embora nenhuma razão apóie esse impulso secreto. Eu poderia citar mais de um exemplo, onde o acatamento a semelhantes avisos teve pleno sucesso, sobretudo na última parte de minha estada nessa ilha infeliz, sem contar muitas outras ocasiões que me devem ter escapado e às quais eu teria prestado atenção, se desde logo meus olhos se tivessem aberto sobre este ponto. Mas nunca é tarde demais para ser prudente, e aconselho a todos os homens refletidos, cuja existência, como a minha, estivesse submetida a acidentes extraordinários, mesmo às vicissitudes mais comuns, a jamais negligenciarem esses avisos íntimos da Providência, seja qual for a inteligência invisível que no-los transmite.”


O náufrago de Daniel Defoe, em seus muitos instantes de reflexão na soledade, também fala (página 289), de uma vida futura, em perfeita consonância com os princípios espíritas:
“Nada demonstra mais claramente a realidade de uma vida futura e de um mundo invisível que o concurso de causas secundárias com certas idéias que formamos interiormente, sem ter recebido nem dado a seu respeito nenhuma comunicação humana.”
Outros trechos semelhantes podem ser consultados na “Revista Espírita”, de Allan Kardec, de março de 1867, ou então diretamente no romance “A vida e as estranhas aventuras de Robinson Crusoé”.


SERVIÇO ESPÍRITA DE INFORMAÇÕES
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Sábado, 22/3/2008 – no 2086

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